segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Da Religião XXIII - A Queda de Adão e Eva


A Queda de Adão; além da expiação de Jesus Cristo, este foi dos eventos mais importantes para toda a humanidade. Apesar de muitos verem este acontecimento como algo de mau - como um grande pecado - ele é, no entanto, a razão porque temos a oportunidade de crescer e evoluir. 
Podemos ler em Génesis o processo da criação. Génesis 1 e 2 fala da criação de todas as coisas, do jardim do Éden e da criação da humanidade. Apesar de todo o processo da criação, ou melhor, a ciência por detrás da criação ainda ser um mistério, é motivo para que existam muitas duvidas e conflitos entre muitos, principalmente entre ciência e religião. O que posso dizer, depois de algum estudo sobre a criação, é que muito pouco é dito sobre a sua "ciência". Como existe pouca informação sobre o tema, existe muito espaço para especulação; é esta especulação que cria os conflitos, não a religião em si. O que sei é que a ciência da criação é um tema secundário ao Evangelho - algo secundário à mensagem passada.  Por isso, o tema do texto é a Queda - a grande mensagem de todo este processo. 

Enquanto Adão vivia com Eva no Éden eles viviam num estado perfeito, ou melhor, num estado em que não envelheciam, não tinham doenças, não conheciam a morte. Nem eles nem a Natureza em si conheciam a morte.. Tudo isto porque Deus andava entre eles. O Pai colocou no centro do jardim duas árvores de fruto - A Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Quanto à primeira nada diz mas proíbe Adão de comer da árvore do conhecimento dizendo "(...)dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Génesis 2:17).  Esta morte de que Deus fala é relativa ao estado de Adão e Eva - eles não conheciam a morte e viriam a conhecê-la, eles tinham o Pai no meu deles e iam deixar de ter.

Quando Eva foi tentada a comer do fruto da árvore e posteriormente Adão, eles ficaram a conhecer o Bem e o Mal. Até então eles não conheciam o mal pois viviam com o Pai. O facto de uma pessoa não conhecer o mal ela nunca poderá conhecer o bem. Em 2Néfi 2:16 é dito:

"O Senhor Deus concedeu, portanto, que o homem agisse por si mesmo; e o homem não poderia agir por si mesmo a menos que fosse atraído por um ou por outro."

A liberdade de escolha é um dos nossos maiores presentes mas só é realmente possivel escolher quando somos apresentados com, pelo menos, dois caminhos. Esse foi o papel do mandamento de "não comer da árvore" e da tentação de Eva. Até aquele momento eles não conheciam o mal por isso não conheciam o bem. Como diz em 2Néfi 2:11 :


"Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas. Se assim não fosse, meu primogênito no deserto, não haveria rectidão nem iniquidade nem santidade nem miséria nem bem nem mal. Portanto é preciso que todas as coisas sejam compostas em uma; pois se fossem um só corpo, deveriam permanecer como mortas, não tendo vida nem morte, nem corrupção nem incorrupção, nem felicidade nem miséria, nem sensibilidade nem insensibilidade."

É preciso conhecer a tristeza para realmente dar valor à felicidade, é preciso conhecer o mal para dar valor ao bem, é preciso conhecer a maldade e insensibilidade para dar valor ao Amor. Os orientais chamam a isto o Yin-Yang, outros chamarão de outra coisa, mas a essência é o facto de ser necessária uma oposição para nos darmos valor ao que é bom e à felicidade.

Como Adão e Eva já não estavam em condições para viver na presença do Pai - pois tinham pecado , sendo desobedientes - Ele os expulsa do Jardim dizendo, em Génesis 3:22-24 :

"Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.
O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.
E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida."

Quando conhecemos o Bem e o Mal nós nos tornamos como o Pai - capazes de escolher conscientemente entre dois caminhos e, consequentemente, crescer e evoluir com essas escolhas e experiências. Eu vejo a expulsão do Jardim como um jovem adulto que sai da casa dos pais e vai criar a sua própria família. A partir daquele momento ele é quem toma as grandes decisões, ele é que terá de trabalhar para manter a família unida, os pais estarão sempre lá para ajudar quando é preciso mas a responsabilidade de pensar e escolher é do filho que saiu de casa. Só experimentando, escolhendo, observando, é que somos capazes de crescer. O Pai deseja que nós voltemos a Ele mas esse caminho é feito de experiências, intersecções, dificuldades e distracções onde seremos colocados à prova - principalmente na nossa capacidade de Amar e de Escolher o que é certo.

Quando voltarmos ao Pai teremos, então, a oportunidade de comer do Fruto da outra árvore, a Árvore da Vida, da Vida Eterna.

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