Nos próximo tempos irei dedicar, grande parte dos meus textos, à nossa Identidade. Não a nossa identidade individual mas a nossa identidade como Humanidade.
Muitos dos que acreditam em um Deus Criador, defendem que nós somos criação desse mesmo Deus, como uma pintura é criação de um pintor, como uma escultura é criação de um escultor, ou como um edifício é criação de um arquitecto. Defendem que fomos criados da mesma forma que os outros seres vivos foram criados. No entanto, com uma leitura mais atenta e inspirada das escrituras, podemos observar que nós não somos simples criações mas somos literalmente Filhos Espirituais de Deus.
Como Elder Tad R. Callister, da Presidência dos Setenta de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, disse (parafraseando) - As consequências desta doutrina são monumentais pois, a nossa identidade determina, em grande medida, o nosso destino.
Quando interiorizamos que somos filhos de Deus, não simples criações, então a nossa perspectiva do mundo, até do próprio tempo, muda radicalmente. Poderá, algum dia, uma pintura tornar-se um pintor? Poderá, algum dia, uma escultura tornar-se em escultor? Quando interiorizamos que somos filhos de Deus, então nós deixamos de nos comportar como simples criações - estagnadas no tempo, sem evolução, sem aprendizagem, sem crescimento espiritual - e passamos a nos comportar como Filhos de Deus.
Mas, então, quais são as implicações desta doutrina - desta Verdade? O que podemos então dizer sobre o nosso destino, como Filhos de Deus? A resposta é bem simples mas a sua consequência e compreensão são monumentais. Para encontrar a resposta recorremos às escrituras sagradas. Começamos no Génesis. No período em que Adão e Eva viviam no Éden, eles viviam num estado de inocência, eles não conheciam o bem nem o mal, não sabiam o que era certo pois não conheciam o errado. Após a transgressão de Adão, o Senhor os expulsou do Jardim do Éden mas depois disse :
"Eis que o Homem é como um de Nós, sabendo o bem e o mal.."
Como Filhos de Deus, o nosso potencial é um potencial divino. Não o de simples criações mas o potencial de perfeição e Divindade com a nossa Exaltação. Nesta passagem bíblica Deus, o Pai, diz claramente que, naquele momento, nós nos tornamos como Eles, tendo o conhecimento do bem e do mal. Não nos tornamos deuses mas começamos a caminhar no sentido da perfeição. Para explicar melhor este conceito usarei da seguinte comparação.
Imaginem que vos peço para andarem de carro 1 km mas, digo-vos que terão de andar em ponto-morto. Vocês dirão que é impossível o carro não irá andar enquanto não se colocar uma mudança, seja para a frente ou para trás. Mas eu insisto e digo-vos para colocar prego a fundo e tentarem. De novo, não funciona, é necessário colocar uma mudança para o carro andar.
Quando estavam no Éden, Adão e Eva estavam num estado de "ponto morto" espiritual. Eles não podiam avançar pois não sabiam fazer escolhas, não sabiam distinguir o bom pois não sabiam o que era mau; não sabiam o que era alegria pois nunca sofreram. Após a transgressão, uma mudança foi realizada. Eles tinham, então, a oportunidade de caminhar, sair do sitio, evoluir, seja em que sentido for; seja para o bem, rumo à perfeição, seja para o mal. A palavra chave no caminho da perfeição é a
Escolha.
Como diz Elder Callister "não existe doutrina mais controversa do que a doutrina de que o Homem poderá ser como o Pai, um Deus."
Quando ensino esta doutrina, as pessoas olham isso como algo impossível ou até blasfémia. "Como poderei eu, pecador, me tornar um Deus?" ou "impossível, só pode haver um Deus e o homem nunca poderá ser Deus".
Irei usar as escrituras para justificar esta doutrina mas irei também usar até da ciência e lógica.
-Das escrituras.
Usando outro exemplo do livro de Génesis mas, desta vez, com Abraão. O senhor disse "Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito". Podemos dizer que o Senhor fala em termos relativos, comparando com o resto da humanidade mas, saltando para os ensinamentos de Jesus Cristo, Ele diz, em Mateus 5:48 "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos Céus". Em João 17:22-23 diz também "E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade..".
Nós não devemos ser perfeitos comparado com os outros mas, segundo o nosso próprio Pai, devemos ser perfeitos como Ele é perfeito. Isto não retira a divindade de Deus, não o reduz ao nosso nível Esta doutrina simplesmente nos eleva ao potencial de ser como Ele é.
Que pais, amoroso, misericordiosos e justo, não deseja que os seus Filhos sejam como Ele é? Desde o inicio dos tempos que Ele nos ensina, através dos santos profetas e escrituras, que nós devemos procurar a perfeição. Que devemos largar as nossas vidas iniquas e dar o nosso melhor em percorrer um caminho justo, de Amor, Caridade e Felicidade.
- Da ciência e Lógica.
Uma Lei fundamental da ciência, ou biologia, é o conceito "da sua espécie nasce a sua espécie" ou seja, de um cão não nasce um gato, de um elefante não sai uma girafa, de uma rosa não crescem maçãs. Como filhos espirituais de Deus, está implícito no nosso "código genético espiritual" que nós iremos crescer para ser como nossos progenitores espirituais, ou seja, Deuses.
Meus irmãos. A diferença entre nós e Deus não é uma diferença de espécie mas sim uma diferença em grau; como uma semente cresce até chegar a uma grande e frutífera árvore, a diferença entre um bolbo de uma flor e uma linda rosa na primavera.
Mas como é que nós, com todas as nossas falhas e fraquezas, podemos chegar ao estado da perfeição? O nosso Pai Celestial providenciou todas as ferramentas necessárias para tal acontecer. Temos os profetas e as santas escrituras, que nos ensinam todas as coisas e nos dão conhecimento para percorrer o caminho para a Felicidade. Fomos também abençoados com as cinco ordenanças para que esse caminho seja possível de percorrer.
Em primeiro lugar, o baptismo para a remissão de pecados e limpeza de espírito pois "devemos nascer da água e do fogo para entrar no reino dos céus".
Em segundo lugar o dom do Espírito Santo. Esta bênção nos permite conhecer a mente de Deus, a Sua vontade e, quando nos deixamos guiar pelos sussurros do espírito, ele nos ensina a viver e a pensar, como Ele.
Em terceiro lugar A autoridade e as ordenanças do Santo Sacerdócio de Deus, que liga os céus e a terra. Ou seja, a autoridade para actuar em Seu nome, como se Ele próprio estivesse aqui. Desta forma aprendemos a usar o poder divino com Amor, com justiça, com Fé, com misericórdia, ou seja, em profunda rectidão.
Em quarto temos a Investidura. Esta é a ordenança do conhecimento. Um presente d'Ele para nós, para saber como nos podemos tornar como Ele é. Como diz o ditado antigo - "Conhecimento é Poder" - e isto é tão verdade.
Por ultimo, as ordenanças do Selamento. Casamento Eterno, que nem as correntes da morte conseguem separar o marido da sua companheira. No Amor, e em Cristo, com a autoridade do Seu Santo Sacerdócio famílias são unidas para a Eternidade.
Também, para nos ajudar nesta caminhada, temos os dons do Espírito Estas bênção ajudam-nos a percorrer este caminho tortuoso, dando força e as ferramentas necessárias para nos levantarmos, corrigir nossas fraquezas mas, principalmente, para ajudar a elevar todos que nos rodeiam.
A nossa identidade divina coloca muita responsabilidade nas nossas mãos mas também nos dá uma perspectiva maravilhosa do mundo e de toda a humanidade que nos rodeia. Como C. S. Lewis escreveu uma vez:
"É uma coisa maravilhosa, viver em uma sociedade de deuses e deusas, lembrar que a pessoa mais maçante e mais desinteressante com que você pode falar, poderá um dia ser uma criatura que você estaria fortemente tentado a adorar. . . . Não há pessoas comuns."
Deus não faz acepção de pessoas. Todos somos Filhos d'Ele, todos tempo o potencial para a divindade. Desde o mau até ao mais Santo entre nós, todos temos esse potencial mas, a escolha será sempre nossa. Nós é que decidimos que caminho percorrer, que escolhas fazer. Permitam que a vossa Luz brilhe para o mundo. Não escondam a vossa Luz mas permitam que todos a vejam e sigam o vosso exemplo de rectidão Não se sintam intimidados com a perfeição divina pois ela deve servir como motivação para melhorar as nossas fraquezas. Não devemos ter vergonha das nossas fraquezas mas devemos erguer nossas cabeças e manter os olhos nos céus.
Erguei-vos e Brilhai.