sábado, 27 de outubro de 2012

Da Alma XXII - Musica de mim mesmo.




Desde o dia que criei o blog nunca dediquei um texto apenas a mim mesmo. Apesar de todas as coisas que escrevo serem baseadas no que acredito e no que desejo ser, apenas pistas foram dadas sobre quem eu realmente sou.

Como diria Whitman I contain multitudes , ou seja, eu contenho multidões.

Todos nós temos a nossa personalidade que vamos desenvolvendo e limando ao longo dos anos. Com o passar dos anos também começamos a ver que o nosso ser tem preferência para um tipo de reacção. No meu caso, por exemplo, a minha tendência é reagir mal ou ser mau. Talvez isto seja efeito da passagem dos anos e a forma como eu, e o mundo, moldamos a minha personalidade. Como fui gozado e colocado, quase, de parte na infância (chamado bullying hoje em dia), fez com que, um rapaz já de si tímido  se fecha-se ainda mais e fica-se mais frio e distante. Ainda hoje tenho grandes dificuldades, por exemplo, em ter contacto físico com as pessoas (a normal mão no ombro por exemplo, ou abraços, etc.. ). Criamos muros à nossa volta e depois para os derrubar é muito difícil, principalmente quando o trabalho é muito bem feito - e nisso eu fui muito bom.

Estes últimos dois anos eu tenho vindo a mudar o que sou. Comecei a derrubar os muros. Todas as coisas que falo, todos os princípios que sigo, todas as coisas que acredito como verdade, são coisas que TODOS os dias me obrigo a seguir. Se vou reagir mal a uma situação eu forço-me para que saia algo de bom (aquilo que muitos dizem respirar fundo e parar).
Sou ansioso por natureza - é biológico, não o posso controlar facilmente. Quando toco piano para uma congregação as minhas mãos tremem, quando falo em publico, mesmo com amigos, coisas mais sérias e que necessitam mais de mim, eu tremo por todos os lados. Quando falo num púlpito eu tenho de me agarrar. A parte boa é que, a cada dia que passa, eu estou cada vez melhor.

Também sou teimoso (como alguns leitores podem ter já reparado ^_^) . Isto não se deve ao facto de eu ser orgulhoso ou mente fechada. Apenas tenho a ideia que, para mudar de ideias, as coisas têm que me ser provadas ou bem explicadas, para eu realmente ver onde errei. No entanto sou humilde o suficiente para admitir que estava errado - pode é demorar chegar a este ponto.

Mas porque ando eu a escrever estas coisas?
Além de achar bom dar-me a conhecer mais, acho que é bom também mostrar que, apesar de todas as coisas que defendo e sigo, eu não sou perfeito. Muito tenho de limar ainda, muito tenho de aprender. E, como disse antes, muitas das coisas - boas - que escrevo, não são naturais para mim. Por exemplo, para mim é anti-natural ser humilde. Eu não sei ser humilde. Posso mostrar humildade para o exterior mas, em mim, ainda existe ego, ou seja, é minha tendência natural procurar pelo poder e controlo do que me rodeia. Na minha mente ainda é assim, apesar de na realidade já não o fazer muito. Não consegui afastar completamente esses pensamentos porque eu não sei o que é ser humilde - genuinamente humilde.


A vida é um percurso de aperfeiçoamento. Tudo que é mau em nós devemos tornar bom e o bom devemos tornar melhor. Esta é a minha filosofia de vida e, cada dia que passa, vejo que o meu chamado é mostrar aos outros como o fazer também. Nos últimos dias, sempre que  fecho os olhos para dormir, vejo aquilo que eu me posso tornar e vejo o Templo. Nunca cheguei a falar da importância que os Templos têm para mim mas é algo realmente importante na minha vida e, o facto de os ver, mostra que estou no caminho certo, apesar de todas as quedas e tropeços.

Creio em todas as coisas, confio em todas as coisas, suporto muitas coisas e espero ter a capacidade de tudo suportar. Se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, eu a procurarei.
Esta é minha promessa, isto é o que desejo ser.


Apenas mais um pouco daquilo que eu sou..

sábado, 20 de outubro de 2012

Do Tempo XI - O que realmente desejam?



Hoje queria escrever começando com uma pergunta:

O que realmente desejam?

Desde que me conheço como pessoa que sempre tive destes momentos de não saber o que quero. Chegar a um ponto qualquer, da minha vida e pensar "e agora?". Não no sentido de não saber o que fazer mas o de não saber o que quero. Não desejo falar em carreiras profissionais ou de que cor pintar a sala de jantar. Desejo falar daquilo que acho realmente importante que é Amor. 

Uma noite, antes de adormecer - pois demoro quase uma hora a adormecer e sobra-me tempo para estas coisas - fiquei a pensar nas características que gostaria de ver numa companheira. Uma procura completamente idiota e irrelevante mas que me levou a outra linha de pensamento que é - O que é que as outras pessoas procuram - principalmente no que toca ao Amor e às relações. 
Esta linha de pensamento apareceu depois de eu cair no erro de fazer uma retrospectiva sobre as minhas relações passadas. A minha sorte é que não foram muitas mas, juntando essa informação com as relações que conheço de amigos e familiares, fico a pensar - o que as pessoas querem?

Uma pessoa oferece Amor, aconchego, uma amizade, um porto de abrigo mas a outra parte foge, ou nega isso, e procura algo que, em alguns caso que conheci, é muito mau - como homens que não respeitam, homens casados, mulheres que são umas predadoras, pessoas interesseiras, etc... 
Perguntando através da perspectiva de homem - Porque é que a maior parte das mulheres prefere homens idiotas
Apesar de não ser a verdade para todas, que sei que não é, acaba por ser o que se vê mais - uma mulher inteligente e com bons princípios e que um dia ficamos a saber que namora com um tipo que não a respeita (em alguns casos mais extremos até a agride). Porque é que uma mulher se iria sujeitar a isto? (claro que o mesmo se aplica a homens)

Isto tem sido uma constante desde que observo o mundo. A desculpa de que é o Amor, como forma de justificar situações destas deixa-me preocupado. O que me dá a entender é que, afinal, as pessoas não sabem o que é Amor ou simplesmente não sabem o que desejam para uma relação (o que procurar pelo menos). 
Além destas coisas, vejo casos em que pessoas simplesmente parece que têm medo de ficar sozinhas e saltam de umas relações para outras apenas para evitar o estado de solteiro

Seria bom que, um dia, as pessoas tivessem uma epifania e voltassem a, pelo menos, acreditar no Amor. A lutar por ele. Pelo menos isto resolveria grande parte dos problemas da sociedade. Como sei que isso nunca irá acontecer, resta manter a esperança que, um dia, alguém saiba o que deseja e actue segundo esse desejo. 



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Da Religião XVI e da Alma XXI - A Tolerância




“Tolerância não significa aceitar o que se tolera.”
―Mahatma Gandhi


Não ter dedicado o meu tempo a escrever, e até filosofar, sobre religião, coisas da alma e até sobre o Tempo, permitiu-me ser um simples observador. Durante estes dias observei as pessoas, observei comentários, li comportamentos. Uma coisa me chamou muito a atenção - as pessoas estão cada vez mais intolerantes. 

Numa época em que as pessoas se dizem mais liberais, ou melhor, que dizem que o mundo tem de se tornar liberal, que as ideias - religiosas - são coisas do passado, as pessoas conseguem ser mais intolerantes do que no passado. Hoje em dia os julgamentos deixam de ser abertos - em praça publica - mas passam a ser feitos de forma que eu diria pior - de forma dissimulada. As pessoas julgam tudo e todos. Quem é diferente é colocado de parte de forma mais cruel do que antigamente. Pois antigamente as pessoas sabiam que iriam ser julgadas por serem diferentes,  por acreditarem em algo diferente. Hoje em dia, num mundo que se diz liberal, as pessoas são atacadas na sua auto-estima pela mesmas pessoas que dizem ser liberais.

Um exemplo disso é a religião, que é um grande exemplo de tolerância e intolerância. Eu sei que a igreja a que pertenço é a que tem a Autoridade de Deus na terra, tenho um Testemunho disso. Muitos outros partilham do mesmo testemunho. Mas o que acho mau é quando pessoas, seja de que religião for, menosprezam as outras, deitam abaixo, castigam filhos pelas suas crenças, expulsam de casa, matam e torturam, outros apenas pelas suas crenças. A doutrina de Deus é uma doutrina de paz e tolerância - todos são LIVRES de escolher. 
A décima primeira regra de Fé de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias diz:

Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de acordo com os ditames de nossa própria consciência; e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde ou o que desejarem.

Não digo estas coisas para fazer qualquer tipo de publicidade, apenas as exponho porque estas coisas são baseadas nas escrituras, as mesmas que centenas de outras igrejas, e religiões, seguem - Como a Bíblia, o Livro de Mórmon, ou até o Alcorão por exemplo. Então porque é que, abraçando uma doutrina de Amor e Paz, vamos partir para a intolerância?

Porque é que somos tão rápidos a julgar quem pensa de forma diferente, ou melhor, quem peca de forma diferente da nossa. Porque é que somos rápidos a condenar a Fé dos outros, ou pior, a condenar essas pessoas, quando nós, um dia, já fomos como eles? 
A tolerância não é aceitar, como verdadeiro, o que se tolera - a tolerância é Respeitar essas opiniões e ideias. Com a globalização das comunicações, com os blogs por exemplo, existe cada vez mais a intolerância - protegida pelo anonimato - quando pessoas vêm algo que vai contra os princípios delas e atacam a pessoa e não o acto em si, argumentando de uma forma brutal e destruidora.

Vejo pais a negar os filhos, apenas porque os filhos comentem erros ou simplesmente acreditam em coisas diferentes, destruindo um lar que podia ser harmonioso apesar das crenças e princípios  Claro que se os filhos, por exemplo, fazem algo de muito mau então devem ser devidamente alertados e castigados (se forem menores) mas isso não implicar negar e menosprezar. Continuam a ser filhos. Continuam a ser uma Família. 

Porque é que um filho tem de ter receio de contar aos pais sobre as suas escolhas? Não deveria ser assim. 
Porque é que um jovem, ou até adulto, tem de esconder as suas crenças e moralidade, dos seus amigos ou até colegas de trabalho?

Se desejamos ser melhores devemos, primeiro, aprender a tolerar todas as coisas. Devemos aprender a Respeitar todos os que nos rodeiam, independentemente da Fé, princípios morais, erros do passado ou do futuro, cor da pele, orientação sexual, estado civil ou riqueza.




sábado, 13 de outubro de 2012

Do Tempo X - Ausências II



Bem, tempos complicados estes últimos dias. Devido a isso irei ausentar-me destas andanças - pelo menos da escrita de textos ou qualquer tipo de texto em outros lados. 
Como a imagem indica, preciso de distanciamento para colocar ideias no lugar, coração no sitio, elos bem firmes e cabeça bem fresca. Quanto tempo não sei, diria que será o necessário. 

Abraços :)


Da Alma XX - Da hipocrisia


Como hoje não ando bem, ou melhor, não ando inspirado para coisas 'boas', vou falar sobre os padrões múltiplos de moral e da hipocrisia.

Quem nunca ouviu, ou até já disse, a famosa frase "olha para o que eu digo mas não olhes para o que eu faço" ?
Bastante comum ver estas coisas todos os dias. Dificilmente vamos encontrar pessoas capazes de seguir, pelo menos, aquilo que dizem que os outros devem fazer. Ouvimos por todo o lado pessoas a criticar outras e a julga-las porque elas são ou corruptas, adulteras, invejosas, egoístas  desonestas ou até bisbilhoteiras. Enfim, julgamos muito os outros mas e então nós? Será que seguimos, ou pelo menos tentamos seguir, os mesmos padrões que impomos aos outros ?

Sabem, quando uma pessoa se começa a tornar melhor, do ponto de vista moral, começa a ser olhada e até analisada pelos outros. Sabemos como as pessoas são, na sua generalidade - quando vêem algo de bom elas não procuram também ser boas mas procuram por algum defeito para negar todo o resto. É sempre assim. se alguém, numa conversa de café, em que todos discutem algo de contornos morais, se nós dizemos que fazemos as coisas como devem ser feitas então, uma das reacções mais rápidas, é a de chamar de hipócrita  Pode não ser directamente, pode vir disfarçada de perguntas de análise do tipo:
- Vais dizer que nunca fizeste igual?
- Se fosse alguém próximo, não farias o mesmo?
- Se fosse contigo queria ver. Para quem está de fora é sempre fácil falar.
- Todos têm telhados de vidro.
- Se tivesses fome vais dizer que não roubavas.. (quando o roubo nem é cometido por quem tem fome)
- etc..
Todas estas perguntas têm apenas um propósito, que é testar a nossa moralidade, e até paciência, em situações extremas. O mais engraçado é que se uma pessoa continua a responder afirmativamente, ou seja, defendendo os seus valores, então alguns podem mesmo chamar de hipócrita.
É algo triste, hoje em dia poucos acreditam em ser verdadeiros, virtuosos e moralmente correctos.

Não existem pessoas perfeitas mas existem, sim, pessoas que desejam ser cada vez melhor; cada dia esforçam-se para corrigir os erros do dia anterior - não voltar a fazer o mesmo. Isto é muito difícil e poucos sequer desejam começar a tentar, alegando a dificuldade que "pode vir a acontecer caso isto ou aquilo aconteça". 

É verdade meus amigos, ser uma pessoa Verdadeira, hoje em dia, é algo que muitos olham como se fosse um acto de esforço. Contar a verdade, seguir um caminho recto, é algo tão 'criticado' que muitos desistem mesmo antes de começar. As pessoas parece que ficaram com medo de contar a verdade,de serem virtuosas,  Fieis, de desmontarem o seu Amor, de simplesmente amarem. Com medo de serem caridosas, com medo de serem honestas. Mas do que é que elas têm medo? Eu acho que sei algumas das razões.
- Têm medo de falhar;
- Têm medo de serem gozadas pelos outros;
- Têm medo de serem colocados de parte;
- Têm medo de falhar.
O maior medo das pessoas é o de falhar. Podem não admitir mas o fracasso é aquilo que assusta mais uma pessoa que deseja tornar-se melhor. Vivo isso todos os dias e sei que, pelo menos no meu caso, o meu maior inimigo sou eu próprio. 

Mas vou tentando...




sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Da Alma XIX - Da Empatia



A tecnologia do mundo em que vivemos permite ligar amigos que já não se vêem à muitos anos, permite ligar familiares e amigos que estão separados por grandes distâncias. Esta tecnologia permite partilhar ideias e o que sentimos de uma forma mais facilitada. Todos os dias podemos ler, em blogs ou em redes sociais, textos sobre a vida das pessoas, sobre o que estão a sentir, sobre o que fizeram, sobre quem amam, com quem casam, etc..

Mas pergunto-vos: - Enquanto navegam pela Internet e lêem esses textos, não sentem curiosidade para saber mais sobre quem está do outro lado? Não sentem uma necessidade de saber o que sentem, porque sentem essas coisas?
Hoje falei, um pouco, sobre essas coisas com uma amiga e fiquei intrigado com o facto de ser cada vez mais raro existir, ou desejar que exista, uma ligação entre nós e quem está do outro lado. O sentimento de empatia, se é que se pode dizer assim, é cada vez mais raro. Parece que as pessoas desejam menos saber como os outros se sentem, saber as suas dores e alegrias. As redes sociais ainda cortaram mais esse contacto. Onde antigamente existia o contacto entre pessoas, obrigando a conversar e saber mais, foi trocado por murais e páginas onde as pessoas colocam coisas que têm muito pouco de pessoal e, em vez de conversar, preferem trocar imagens e vídeos genéricos sem qualquer sentimento pessoal associado.

Um blog que sigo, onde as pessoas colocam segredos - Shiuuuu (fazendo já publicidade ^_^) - , é um bom exemplo destas coisas que falo. Os autores dos segredos colocam mensagens e situações que realmente lhes são importantes e muito pessoais. Existem segredos que têm uma carga sentimental muito grande. Eu costumo comentar este blog e sei que, para escrever o que escrevo, preciso sentir uma empatia muito grande com o autor do segredo. Não fosse desta forma então meus comentários seriam apenas um comentário genérico e sem sentimento. As pessoas precisam sentir amor, carinho, amizade e respeito, mesmo que o seu segredo seja das maiores barbaridades que se possa ler. 

Algo que é incompatível com a empatia são os julgamento que fazemos. Quando julgamos estamos a criar limites ao nosso nível de empatia. Quem nunca esteve em uma situação onde começamos por compreender e respeitar uma pessoa, e até escrevemos algo bom como comentário mas, quando vamos para outro caso que vai contra o que acreditamos como certo, começamos a julgar essa pessoa e já dificilmente iremos escrever algo de bom. O nosso nível de empatia mudou. Existem casos onde pessoas até deixam de respeitar os autores. 

Pela Internet já li muitos textos de ódio com comentários ainda mais incendiados, apenas porque as pessoas esquecem-se que estão a falar com outras pessoas, que sentem, que são humanas. Na realidade também acontece mas, quando estamos olhos nos olhos, já é mais difícil ser incendiário - o que acontece mais quando se está em grupo (protecção do grupo desinibe ). Por detrás de cada texto está uma pessoa e eu desejava conhecer mais essas pessoas. Não apenas por simples curiosidade mas porque por detrás desses textos existe também uma história, que moldou e tornou essa pessoa no que ela é hoje. 

Quando cedemos aos julgamentos e preconceitos não mais seremos capazes de respeitar e até criar uma ligação com as pessoas com quem lidamos. Todos merecem respeito - desde a adolescente mais mimada e rebelde até ao adulto adultero - todos merecem respeito e, no fundo, merecem que lhe dêem o que mais lhes falta que são conselhos sensatos, palavras amigas mas que alertam e ajudam a melhorar, precisam de sentir que, apesar de todos os erros, ninguém lhes irá atirar uma pedra. 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Do Tempo IX - Da Realização Pessoal


Pois é, a parte difícil da Tese já está feita. Acabei de escrever tudo o que tinha para escrever. Desde a introdução até aos agradecimentos. Agora o que falta é juntar as peças todas em um só documento e enviar para ser "esmiuçada" pelo meu orientador. 

Confesso que não contava aprender tanto ao escrever estas quase 180 páginas de texto. No entanto aprendi muito sobre o trabalho que realizei e sobre o tema em geral. Um livro diz que "no final deste processo, o investigador irá tornar-se um especialista na área em que trabalhou", confesso que me sinto assim. Se antes estava com receio do que me possam perguntar, agora acho que consigo responder a tudo. 
Mas digo estas coisas porquê?

Primeiro porque estou feliz por ter acabado de escrever a tese!
Em segundo lugar porque ao terminar este processo e, olhando para trás no tempo, eu aprendi bastante sobre mim. Esta dissertação, desde Setembro do ano passado, desenvolveu faculdades em mim que eu nem sabia que as tinha. Ganhei uma disciplina que nunca pensei vir  ter. Imaginem trabalhar quase metade da investigação a partir de casa. No inicio pensei que iria dormir metade do dia e descansar a outra metade. Ao fim de uma semana eu já trabalhava melhor do que se estivesse a trabalhar na universidade. Criei os horários e cumpri-os. Tinha metas todos os dias, todas as semanas, e cumpria-as o melhor que podia. A razão que me fez ficar em casa foi monetária, pois os euros não crescem em árvores e ir para Braga, todos os dias, para fazer algo que podia fazer em casa, era algo 'devastador' para a carteira. O que perdi com isto foi o contacto com as pessoas, ou melhor, com os amigos de Braga. O companheirismo ficou em segundo plano. Ganhei na disciplina mas perdi nas "conversas de ocasião". 

Além da disciplina aproveitei este tempo 'em casa', para praticar mais no piano, para estudar mais as escrituras e doutrina. Engraçado que, com um pouco de disciplina, sobra tempo para quase tudo. Tinha tempo para dormir, para ver umas séries, para trabalhar a 100%, para praticar piano, para estudar e para sair e passear. Até me deu tempo para criar um Blog e falar de "coisas sérias".

Enfim, acho que este ano, até agora, foi um ano de realizações pessoais. Posso não ter encontrado um Amor, posso não estar a ganhar muitos euros num grande centro de investigação (O ano ainda não acabou!! quem sabe até 31 de Dezembro haja surpresas ^_^). Apesar destas coisas que 'faltaram', eu sinto-me realizado. Fiz um bom trabalho e aprendi muito mais sobre mim e sobre o meu potencial. Como se costuma dizer - Agora o Céu é o Limite!!


sábado, 6 de outubro de 2012

Da Alma XVIII - Das mentiras


Antes de voltar ao último capitulo da Tese irei escrever sobre a mentira. 

Acredito que todos que lêem o blog reconhecem a personagem que coloquei acima, principalmente a sua famosa frase "Everybody Lies" - Toda a gente mente. 

Por mais triste que seja, em algum ponto da vida, todos acabamos por mentir. Podemos ser maus mentirosos, dizer pequenas mentiras que não magoam ninguém mas que acabamos por dizer. Mas porque o fazemos? Será por medo? Será porque temos receio de ser julgados? Será para proteger alguém? Será para magoar outra pessoa? Enfim, existem inúmeras razões para mentir. 

Pessoalmente eu desisti disso. Eu evito mentir a todo o custo. Mesmo que eu acabe por sair prejudicado - o que já aconteceu - eu prefiro dizer sempre a verdade. Porque usei eu o meu exemplo? Porque não sou perfeito, porque já estive do outro lado, porque sei mentir.. Eu sei o que magoa quando alguém descobre a verdade depois de ter sido enganado, eu sei o que magoa saber que as pessoas estão apenas a ser simpáticas perante uma situação, quando no seu intimo pensam o contrário. 
Falando do meu caso - Já menti por medo de ser gozado, já menti para fazer alguém sentir-se melhor, já menti para manipular e experimentar com pessoas. 

A mentira vem em muitas formas, muitas delas esquecidas pelas pessoas. 
- Mentimos quando não dizemos a verdade - muito óbvio..
- Mentimos quando sabemos a verdade e ficamos calados.
- Mentimos quando defendemos uma coisa e fazemos outra.
- Mentimos quando usamos algo que não é nosso e as pessoas pensam que é nosso.
- Mentimos quando permitimos que as pessoas pensem que somos algo que na realidade não somos.

Acho que de todas as escolhas que podemos fazer a mentira deve ser das mais fáceis. Como vemos, basta simplesmente ficar calado. É algo tão entranhado na nossa personalidade que existem pessoas que mentem compulsivamente, vivendo até vidas duplas. Tenho o hábito de ser bastante observador e se há coisa que me custa ver são pessoas a contradizer as suas próprias histórias. Contando mentiras em cima de mentiras. Algo que começou com uma mentira inocente do tipo - hoje não quero sair porque estou cansada - pode acabar com algo muito mau quando essa pessoa é apanhada em um café com outras pessoas. Ou ver pessoas a serem acusadas inocentemente porque os culpados não são honestos e aqueles sabem das histórias ficam calados - sem dizer nada.

Mas todas as pessoas sabem este tipo de mentira é feio e que não se deve fazer. Mas e as mentiras pequenas? 

Quando falo da honestidade com os outros existe um exemplo que gosto de dar:
Quando uma mulher pergunta ao companheiro - Estou bonita neste vestido? - E o homem diz que sim apenas para não se chatear.
Não discutindo a guerra dos sexos - Isto é muito comum. Às vezes mentimos apenas para não nos chatearmos ou para não magoar os sentimentos de ninguém. 
Também gosto de dar o exemplo de casos em que temos um familiar muito doente e, sabendo que as coisas vão correr mal, nós dizemos que vai ficar tudo bem e não tarda sairá do hospital. Acredito que em momentos destes a dor é tanta que preferimos dizer uma mentira mas não será que estas mentiras são ditas para nos enganarmos a nós próprios? Tudo vai ficar bem com ele, ele irá sair daqui não tarda

Defendo que devemos dizer sempre a verdade, em todas as situações. No caso de entes queridos com problemas terminais devemos contar a verdade para que ele se prepare e se mentalize - no fundo ele já sabe que está mal - nós sabemos quando as coisas estão para acabar. Devemos contar a verdade de uma forma amorosa, carinhosa. Tudo que é dito com amor, principalmente a verdade, acaba por fortalecer uma relação, até mesmo tornar o nosso próprio ser mais forte. Quando uma relação é quebrada porque a verdade foi contada então é porque algo já não estava bem. Talvez até acabem porque a decepção é tão grande e a nossa capacidade de perdoar é tão pequena que acabamos tudo. Acredito que haja por aí namoradas(os) com namorados(as) tão ciumentos(as) que têm medo até de dizer que saíram de casa com amigos. O ciume é um grande catalisador das mentiras - obriga os outros a dizer mentiras; quem não conhece o ditado que diz: o que os olhos não vêem o coração não sente? Pois, muitos casais acredito que vivam assim - já vivi assim - seja de um lado ou do outro. No caso do ciume isso faz parte do progresso pessoal - devemos batalhar contra ele e tornar mais confiantes em nós próprios e na pessoa que amamos. Já fui muito ciumento e acho que, apesar de não se ter notado muito, acho que, durante todo o namoro, nunca a tinha amado tanto como naquele momento em que disse a verdade. O choque da verdade foi estranho  e pesado mas o facto de se ter falado a verdade fez o amor que sentia simplesmente crescer. O resto cabia a mim resolver.

A mentira é algo que usamos para até enganar a nós próprios. Já fiz asneiras e disse a mim mesmo que não fazia mal , quando sabia perfeitamente que fazia mal e que estava a prejudicar-me. 

Mark Twain uma vez disse que não é preciso ter boa memória quando se diz a verdade. Pensem nisso, vamos pensar todos nestas coisas. Vamos pensar na energia que gastamos a contar mentiras e a planear esquemas, quando essa energia podia estar a ser gasta a edificar relações, a tornar um amor ainda mais forte e confiante. A confiança começa quando dizemos a verdade. As pessoas confiam em nós quando sabem que nós, apesar de todas as coisas, iremos sempre dizer a verdade e,mesmo que essa verdade cause dor, o Amor que sentimos irá aquece-los e conforta-los nos momentos de tristeza.




sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Da Alma XVII - A Responsabilidade Pessoal




No seguimento do texto anterior - Valores morais e a sociedade - hoje vou falar sobre a responsabilidade pessoal. 

Estas coisas estão todas ligadas e se há aspecto que está a desaparecer, junto com a moralidade, é o aspecto da responsabilidade. Todos já passamos por isso, por momentos em que dizemos que a culpa é de outro, que a situação aconteceu daquela forma porque não tínhamos escolha ou porque nos disseram para fazer assim. 

Vou contar uma história que aconteceu comigo.
Durante o meu primeiro trabalho de investigação - a parte da licenciatura - eu fui chamado para trabalhar um assunto desde raiz. Como não percebia nada sobre como investigar - principalmente algo de raiz - eu debrucei me muito sobre os meus orientadores. Eles ajudaram-me muito mas eu, que já era maior e vacinado e tinha uma cabeça para pensar, não fiz uma coisa essencial em qualquer trabalho de investigação - pesquisa bibliográfica  Isto é básico e eu não o fiz porque acreditei - cegamente - nas coisas que me eram ditas sem verificar a literatura. As pessoas falham e um dia eu tinha uns resultados e fui falar sobre eles. Seja por causa das tarefas das aulas e correcção de trabalhos/exames, a resposta foi rápida e foi de "os resultados estão dentro da normalidade". Por estranho que pareça, eu nunca me senti bem em relação aos resultados - sempre os achei errados de alguma forma. Mas, em vez de ir verificar a quem sabe - a quem trabalha na área e tem artigos publicados, eu disse - "eles disseram que está bem". De novo não fui ler a literatura. No final de todo o trabalho e com os resultados finais em mão eu fiz uma apresentação e disseram que "os valores estão altos demais, algo está errado com isso". Naquele momento uma vozinha manhosa da minha cabeça dizia-me - "mas foram eles próprios que disseram que estavam dentro da normalidade à umas semanas atrás". Por semanas fiquei com isto na cabeça mas um dia, distanciado do problema decidi ir ler umas coisas e vi que, bastando ir ler a literatura, eu saberia que estava algo errado.

Poderão dizer que eu era novo, inexperiente. Têm razão e por isso as consequências não foram piores mas eu já tinha uma licenciatura tirada e conhecimento suficiente para saber, pelo menos, o método cientifico. Uma situação destas com alguém mais 'severo' ou em uma empresa e a minha situação seria bem pior, para mim e para a empresa. Tudo porque eu fiz o que me mandaram cegamente sem pensar por mim próprio - esta é a questão essencial - eu ignorei o meu instinto, o meu conhecimento, apenas para seguir um caminho mais fácil - fazer o que me mandam sem pensar.

As pessoas falham. Quem nos lidera - seja numa empresa, seja em casa na família - irá falhar também. Toda a gente erra. O que nós não podemos fazer é culpar os outros pelos nossos erros. Eles não me alertaram para o erro mas eu também não li a bibliografia, não fui ao fundo da questão. A minha responsabilidade era essa.

Este meu exemplo é transversal a muitos outros. Tinha colegas meus que culpavam os professores devido às suas más notas mas eles apenas estudavam nas vésperas dos testes. O professor podia não ser o melhor professor do mundo, até podia dar mal as aulas, mas os alunos não Estudavam. A responsabilidade do aluno falhou nesse ponto pois ele não fez o que deveria fazer - Estudar. Senão como explicam alguns passar  nos exames e outros não? Fosse apenas culpa do professor então TODOS reprovariam... mas não, apenas alguns reprovavam.

Um filho delinquente normalmente culpa os pais por ser assim. Muito normal hoje em dia. Os pais são quem nos ensina os primeiros princípios morais. Mas não acham estranho que um filho que sabe que é delinquente e sabe que faz asneiras - de uma forma consciente - ainda culpa os pais por isso? Se ele sabe que faz asneira então ele faz - deliberadamente - asneira. Os pais ensinam e educam mas cabe aos filhos fazer dessa educação, ou falta dela em muitos casos, algo de bom.

Sempre defendi que a escolha é sempre nossa. Nós temos sempre a faca e o queijo na mão. Temos sempre a escolha de fazer algo de bom ou fazer algo mau. Não podemos culpar os outros pelas nossas  pobres escolhas. Fico triste quando vejo pessoas que culpam tudo e todos pelas suas infelicidades mas não conseguem olhar para elas próprias e ver as más escolhas que fizeram no passado. A maior parte das vezes as coisas correm-nos mal porque nós é que nos colocamos nessa situação em primeiro lugar. Uma jovem não apanha bebedeiras apenas porque os amigos insistiram com ela para ela beber, ela apanha as bebedeiras porque ela, em plena consciência, pegou o copo e bebeu. Como eu não posso culpar um ex professor meu pelos meus maus resultados quando era eu que não pegava num livro para estudar.

Quem diz que o exemplo vem de cima normalmente não tem a coragem de ser um exemplo por ele próprio. Todos nós podemos ser um exemplo de algo bom - apenas temos de escolher ser esse exemplo.

Só existe uma pessoa responsável pelas nossas acções e escolhas - Nós próprios.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Da Religião XV e da Alma XVI - Os Valores morais e a Sociedade.


Mais um capitulo da Tese terminado mais um pouquinho de tempo para escrever aqui no Blog algo novo.

Hoje escolhi falar sobre os valores morais.
Quem segue o Blog, ou me conhece de outras paragens, sabe que tenho sempre defendido altos padrões morais, seja para mim seja em relação aos outros. Mas porque faço eu isto quando a sociedade, em geral, tende a perder esses valores? Exactamente por isso, porque não desejo ficar igual aos outros. Se existe coisa que eu odeio, e uso mesmo a palavra odiar, é a falta de moral e virtude. Acho que todos, como seres humanos, com inteligência para pensar, com um coração para nos guiar, temos a obrigação de ser melhores. 
Um padrão moral que se acha cada vês mais raro é a Honestidade. Já falei um pouco sobre esta virtude e padrão mas, à medida que o tempo passa, é cada vez mais raro encontrar alguém que seja honesto. É algo fácil de corromper  Falo por mim, enquanto escrevo a tese - por exemplo - é fácil fazer plágio pois as oportunidades não faltam, o material está disponivel e só preciso fazer 2-3 cliques e está um texto feito. No entanto escolho não o fazer. Não digo que sou melhor que os outros mas pelo menos tento ser melhor. 

Não acredito em caminhos fáceis, em atalhos e muito menos acredito em baixar a cabeça e fazer asneiras. Se o mundo está mal eu não irei com a corrente e irei ficar mal também. Irei navegar contra a corrente e, no processo alertar e, quem sabe, levar outros comigo. Pois eu acredito que devemos ser um exemplo de virtude e moralidade e, com o nosso exemplo, devemos levar outros connosco. Mostrar ao mundo que é possível  e até mais gratificante, levar uma vida virtuosa e que segue altos padrões morais. As dificuldades irão nos atingir na mesma mas a nossa atitude e resolução será muito diferente da forma do mundo. Será melhor e a nossa alegria será maior.

Mas e os maus exemplos? sempre que falo destas coisas vêm sempre aquelas vozes do fundo da sala a dizer "e quem faz asneiras e vive bem e eu que sou honesto tenho problemas". É algo legitimo de se perguntar, se o caminho das asneiras torna a vida mais fácil, então porque não irei percorrer esse caminho e evitar os problemas? Eu defendo que, quando fazemos as coisas como deve ser, seremos sempre recompensados, não com as coisas do mundo (dinheiro, carros, televisões e viagens) mas seremos recompensados com uma vida feliz, sem remorsos e arrependimentos. Claro que existem casos extremos, onde pessoas ficam sem casa e comida e têm de recorrer a meios "menos honestos" para sobreviver. Apesar de continuar errado, é para SOBREVIVER. O problema do mundo é que as pessoas que reclamam das recompensas da honestidade não têm problemas de sobrevivência  têm é problemas de inveja, orgulho, luxo e gula. São pessoas que vêem o vizinho com um carro novo e desejam ter um carro novo também. Sabem que a bola vai dar na TVcabo e querem ter tvcabo. Vivem vícios penalizadores para a carteira e, quando vêem os preços a aumentar, recorrem ao contrabando para alimentar esses vícios. 

A maior parte das pessoas com falta de moralidade não são aqueles que têm problemas para sobreviver (Casa e comida), são, pelo contrário, pessoas como todos nós a ler estas palavras - que têm até dinheiro para a Internet mas escolhem o caminho mais fácil. 

Os jovens cada vez mais ignoram a moralidade. Preferem copiar num teste do que estudar - apesar de ter sido sempre assim, no entanto esse comportamento só piora e não melhora. Os jovens preferem andar quase despidos na rua, principalmente as moças, por alguma razão que ainda não consegui entender, mas que apenas demonstra a sua falta de virtude e respeito próprio. Os rapazes preferem anda a "partir tudo" do que construir e edificar. Antes era assim, mas agora apenas piora. 

Sinto-me grato por saber o que sei e ter decidido mudar para melhor. Ainda tenho muitas arestas a limar, algumas bem difíceis de limar, mas cada dia mais um pouco. Pois é assim que deve ser, cada dia mais um pouco - sem desculpas, sem racionalizações, sem ciências e filosofias para justificar o mal - cada dia tornar-me um pouquinho melhor que ontem. Cada dia aprender a perdoar, cada dia a aprender a ter esperança, cada dia a aprender a ser mais diligente e obediente aos meus chamados, cada dia a aprender a andar pela Fé, cada dia a aprender a usar a razão da forma correcta. Cada dia a passar de bom para melhor.

Isto é possível a todos, pois a nossa personalidade e carácter não estão escritos em pedra. Para mudar apenas precisamos desejar dar esses passos e, cada dia, dar mais um passo em frente - no sentido de melhorar mais um pouco o nosso ser. Vamos falhar às vezes mas o truque é levantar e no dia seguinte tentar não cair de novo - assim se aprende a andar,.. 
assim se aprende a andar em rectidão.