Há algo, entre todas as coisas que existem, que nós mais damos como garantido. Nós crescemos com ele, fazemos de tudo com ele, aprendemos a andar e a controlar o equilíbrio com ele, interagimos com as pessoas usando-o, somos capazes de trabalhar devido a sua força e resistência. Aprendemos a lidar com as dores e a evitar o danificar. Falo do nosso corpo.
Ele está em constante mudança. Ele cresce até certo ponto e o seu crescimento pode ser, ou não, saudável. Está sujeito a doenças e lesões. Necessita de constante nutrição e cuidado para não decair mais rapidamente. Apesar de todas as coisas que o nosso corpo necessita, nós o temos como garantido. É uma máquina perfeita, capaz de se regenerar sempre que é danificado, mas que necessita de constante cuidado para ser capaz de executar as suas funções de forma eficiente. E nós sabemos isso mas damos como garantido.
Quando eu era mais novo, e ainda fazia campismo, eu tinha uma bicicleta para andar pelo parque, para fazer corridas com os meus amigos, para passear. Agora que me lembro dela lembro-me, também, de sentir o vento sempre que descia, a toda a velocidade, uma estrada que lá tinha. Bons tempos! Enfim, mas o objectivo da história não é nostalgia. Quando os meus pais me deram a bicicleta eles também me disseram que eu teria de cuidar dela; ela não deveria ficar à chuva, não deveria ser atirada, a corrente deveria ser oleada de tempos a tempos, entre outros conselhos. No inicio eu a tratava como uma criança - com todo o cuidado - mas, com o passar das semanas, eu já a tinha como garantida. No primeiro verão até correu tudo bem mas no segundo já a comecei a atirar mais para o chão sempre que tinha de parar durante uma brincadeira com os amigos. Não tratava da corrente e também a deixava à chuva. Os danos começaram a aparecer e ela deixou de ser a bicicleta brilhante que os meus pais me tinham oferecido. A ferrugem começava a ganhar terreno, a tinta começava a lascar e até as mudanças já eram mais difíceis para mudar. Será que este foi um efeito do tempo ou um efeito do meu descuido?
O nosso corpo é, também, como uma máquina que necessita constante cuidado e nós, negligentes e com a ideia que os azares apenas acontecem com os outros, maltratamos o nosso corpo. Esses maus tratos passam por coisas que todos sabemos que fazem mal - como drogas, tabaco, álcool, e outras substâncias que ingerimos e que, apesar do prazer que dão, nós sabemos que fazem mal ao nosso corpo - mesmo a médio-longo prazo. Também cuidamos mal dele quando não dormimos as horas suficientes, quando não exercitamos, quando comemos em demasia ou insuficientemente, ou até quando estamos constantemente a danifica-lo quando praticamos desportos de risco.
Quando somos jovens o nosso corpo é capaz de controlar e combater, mesmo que apenas em parte, os efeitos negativos das coisas a que o sujeitamos mas, algumas consequências dessas acções são apenas notadas a médio-longo prazo e, negligentemente, nunca olhamos para o futuro. Muitas pessoas hoje sofrem problemas derivamos de uma juventude de cuidados negligentes do seu corpo e, apesar de ser um facto, continua a ser negligenciado e temo que continuará a ser.
Eu não sou um exemplo de saúde física (e a mental é questionável ! ). Apesar de não consumir substâncias com efeito negativo sobre o meu corpo (apesar de ter contacto com algumas de uma forma passiva, como fumo de tabaco mas isso é mais complicado de controlar), eu tenho uma alimentação pouco saudável e o exercício físico era algo praticamente inexistente no meu dia a dia. Decidi mudar, drasticamente, esse paradigma e decidi começar a cuidar melhor do meu corpo. É interessante notar que apesar de essa mudança ter apenas 6 dias, eu já noto os seus efeitos.
No fim de semana passado decidi começar a controlar o que como e, na segunda-feira, comecei a parte do exercício mais "a sério" (já ia ao ginásio até Julho mas era algo sem disciplina). Decidi começar por aquilo que gosto de fazer mas elevar a fasquia. Eu adoro caminhar e decidi começar por aí. Todos os dias (excepto fim de semana) eu vou caminhar para um dos parques da cidade. Faço todo o percurso até lá a caminhar, dou lá umas voltas e volto para casa. Esta semana decidi começar por, em média, sete quilómetros e meio por dia de caminhada relativamente acelerada. Para a semana vou subir a fasquia nos quilómetros percorridos (passar para oito ou nove). Tentei fazer corrida também mas o meu joelho ainda está fraco para isso mas acredito que com o exercício continuo ele será capaz de aguentar um trote. No entanto, um dos efeitos positivos que notei logo nesta primeira semana foram os efeitos no meu humor e, também, no meu joelho. Eu tenho artrite no joelho (resultado de um problema quando eu tinha sete anos de idade) e as mudanças de temperatura/humidade e esforço (com impacto - como corrida) sempre causaram dor. A dor diminuiu e as mudanças meteorológicas destes dias não me afectaram, algo que já não sabia o que era. Os efeitos estéticos sei que vão demorar a ser visiveis mas também estarão lá - espero!
Devemos cuidar do nosso corpo; ele é um presente e uma bênção e devemos, portanto, tratá-lo como tal. Para terminar, deixo-vos com umas fotos do local onde vou caminhar.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários são revistos antes de serem publicados. Desta forma eu posso evitar que o blog seja vitima de SPAM.