terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Da Religião XXIV - A Parábola dos Talentos


Hoje começo uma nova forma de falar sobre religião. Irei começar a colocar as parábolas usadas por Cristo e a comentar o seu significado. Se existe uma forma de ensinar o Evangelho que seja boa e aplicável a todos  nós é usando de parábolas e comparações com as coisas do dia-a-dia. 
A primeira parábola que irei usar será uma das minha favoritas que é a Parábola dos Talentos (Mateus 25:14-30). Talentos, na altura de Jesus Cristo, era uma moeda de troca e não o significado de talento usado hoje em dia.

Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens.
E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos.
Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois.
Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles.
E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos.
Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;
E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos.
Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.
Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. 


É uma parábola relativamente grande e contém uma mensagem bastante importante para todos nós, sejam fieis ou não. 
O homem chama seus servos e dá a um cinco talentos, a outro dá dois e ao terceiro dá um talento. Vamos ler isto como se fossem "Dons". O primeiro recebeu cinco dons, pode ser o dom da palavra, o dom da Fé, o dom do ensino e estudo, dom de ajudar, dom de liderar. O segundo recebeu dois dons, como o dom da musica, dom de falar com eloquência. O último recebeu um dom, que pode ser o dom do conhecimento. Escolhi dons diferentes para cada um de propósito. 
Todos nós temos dons, podemos não saber quais são mas todos nós temos, nem que seja apenas um. Esses dons e talentos existem para, além de nos elevar, ajudar os outros e complementar, com os nossos talentos, os talentos de quem nos rodeia. Um bom orador pode não saber como ensinar e, por isso, um professor o irá ajudar a ensinar usando o seu dom da oratória. 
Com estes dons, com os nossos talentos, existe uma responsabilidade associada, ou seja, nós temos a obrigação, o dever, de procurar por esses talentos, de desenvolve-los e de os aplicar no mundo lá fora. Como podemos ver na parábola, dois dos homens usaram dos seus talentos, muitos ou poucos, e aplicaram-nos na vida real e, no processo, aprenderam mais sobre eles próprios e descobriram novos talentos. Pelo contrário, o terceiro homem descobriu o talento dele mas não o usou, o dom podia ser do conhecimento, ou seja, ele sabia muitas coisas mas guardou-as para ele mesmo, não as partilhou. No final, como não desenvolveu esse talento nem o aplicou na sua vida, ele acabou por perder esse talento.. 

Devemos olhar para nós próprios e descobrir os nossos talentos e desenvolve-los. Podemos pensar que não temos nenhum talento mas a única coisa que poderá estar a acontecer é nós não os reconhecermos. Um talento muito bom mas negligenciado como tal é o talento de ajudar quem precisa, saber o que dizer para ajudar. Outro dom quase esquecido e que TODOS temos é o dom para Amar mas, como todos os outros dons, se não for usado poderá ser perdido.. por isso devemos Amar a todos e demonstrar esse Amor sempre que possível. 
Eu demorei algum tempo até reconhecer os meus talentos, ou dons. Ainda vou descobrindo alguns novos, e desenvolvendo outros. É um processo que pode ser trabalhoso e pode requerer sair da nossa zona de conforto para os aplicar e aperfeiçoar mas, no final, a recompensa é enorme. 

domingo, 27 de janeiro de 2013

Da Alma XXVII: Dos Ânimos e Desânimos


Todos temos dias melhores do que outro; dias em que estamos mais alegres e outros em que estamos mais tristes, ou desanimados. Desde o inicio do ano que tenho percebido que o meu ânimo se tem tornado cada vez mais em desânimo. As razões para isto acontecer poderão ser muitas mas o problema prende-se com o facto de, quando penso no assunto, nunca sei o que realmente se passa para justificar este desânimo que a cada dia se torna pior. 
Posso dizer que é por ter acabado uma Tese e agora sinto um vazio; ou porque vivo na incerteza do trabalho futuro ou na própria localização desse trabalho; pelo facto de falar de Amor e apenas o ver ao longe; por ver pouco progresso no meu chamado... enfim, posso encontrar possíveis razões em muito lado mas nenhuma delas tem uma solução imediata ou que apenas dependa de mim.  
Normalmente o que as pessoas fazem, e aconselham a fazer (incluindo eu) é ocupar nosso tempo, pensar em outras coisas, fazer algo que se goste.. Isto é o que se deve realmente fazer nestas situações de desânimo.. problema é que não está a resultar muito bem. Perdi o gosto pelo piano, tenho-o tapado ao lado da cama e não lhe toco desde o inicio do ano.. Tenho livros para ler e coisas para estudar mas não encontro uma ponta de vontade para começar (eu sempre gostei destas coisas e não é uma obrigação), ou seja, parece que - do nada - tudo me foi retirado... sinto que estou naquele estado em que não conseguimos saborear nada porque estamos constipados e a nossa mãe prepara a nossa comida favorita.. sabemos que gostamos mas não nos sabe a nada.. 

Para agravar a minha estupidez, eu sei o que devo fazer para melhorar, até sei que podia ler, orar, jejuar, conversar, para melhorar a minha situação mas, como falei, o que agrava a minha estupidez é o facto de sempre ter tido as respostas para tudo mas nunca as escrevi ou coloquei em prática - como quem sabe a resposta de um exame mas deixa-a em branco. Eu, de certa forma, sabia que este momento estava a chegar.. desde o meio do trabalho da minha tese que comecei a notar "sinais" mas eu tinha que a acabar, tinha que seguir em frente - eu tinha um propósito... agora não.. não o vejo, não sei qual é, não sei o que Querem de mim. Como não há nada (diário) que me faça seguir em frente então todo o resto desaba. 

Depois destes dois parágrafos reparei que este parece um texto mainstream onde o povo se queixa de tudo, deprime com todas as coisas. Confesso que queria apagar este momento "deprimente" do blog mas acho que deve ficar, como mais um pedaço da minha história. 
Como se costuma dizer, é preciso sentir o fundo para se criar impulso para subir de novo e, ao escrever estas coisas, percebo o que tenho de fazer para mudar este rumo que para bons caminhos não leva de certeza. Por isso, com um texto que começa com desânimo eu acabo com um novo ânimo, nova atitude; atitude que irei lutar para que se mantenha, independentemente das quedas que venha a ter nestes primeiros passos. Atitude para ser a resposta para muitos problemas..  :)

sábado, 19 de janeiro de 2013

Do Tempo XVII - Inicio de um novo ciclo.


A 11 de Dezembro escrevi o texto Da Hora das Decisões, onde falava das dificuldades de um final de ciclo, da incerteza das escolhas. A minha tese foi defendida no dia 20 de Dezembro e aí terminou o meu ciclo. Engraçada a coincidência com o começo do ciclo mainstream que era no dia 21 de Dezembro. Agora, já em Janeiro, e depois de realizar algumas correcções necessárias à tese, ter uma conversa de agradecimento com os meus professores  que me acompanharam nestes últimos anos, chego ao impasse que muitos estão a passar ou já passaram que é: E agora? O que vou fazer? 

Por muito que adorasse ficar por terras lusitanas eu sei que essa é uma opção muito complicada, principalmente quando a FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) anda a cortar - a 30% - nos financiamentos a projectos científicos e, consequentemente, nas bolsas de investigação. O meu desejo, quanto à carreira, é o de seguir um caminho académico, ou seja, fazer investigação e, caso seja possível  um dia vir a dar aulas. Como chegar até esse patamar implicar passar por um Doutoramento, é nesse sentido que a minha busca anda centralizada. 
A imagem que coloquei hoje é uma fotografia da cidade de Munique - Alemanha. Escolhi essa imagem para marcar este inicio de ciclo porque é exactamente para Munique, mais especificamente para a QBM (Quantitative Biosciences Munich), que irei enviar a minha primeira candidatura. Já está completamente preenchida, com cartas de motivação, historial académico e cientifico, e estou à distancia de um clique de a submeter. Realizar um doutoramento no estrangeiro é algo que valoriza - muito - o currículo de um investigador, tanto ao nível do conhecimento técnico e linguístico mas, também, quanto ao facto de conhecer e criar laços com investigadores e grupos de investigação que podem ajudar bastante em projectos futuros. 
No entanto, como falei em textos anteriores, sair do meu país não é algo fácil para mim. Além do facto de ser uma pessoa dita caseira eu ainda tenho a sensação que é aqui que irei construir o meu maior sonho.

Munique não é uma certeza, aliás, não passa de uma aplicação e poderá não dar em nada (dada a concorrência ser relativamente elevada) mas colocou-me as coisas numa perspectiva diferente, que eu já tinha mas que se tornou uma realidade agora - a perspectiva de uma vida além fronteiras. Esta aplicação será, possivelmente, uma de muitas que irei fazer mas a possibilidade de sair de Portugal é cada vez mais elevada. Não porque queira fugir da crise, porque ela está em todo lado, mas porque um caminho académico por terras lusitanas não será algo fácil de percorrer, pelo menos quanto ao doutoramento. Mas uma coisa tenho a certeza, se eu for realizar o doutoramento para fora, Portugal será sempre a minha meta de retorno. Portugal precisa de cabeças para evoluir e eu prefiro usar o meu conhecimento para ajudar Portugal a crescer cientificamente do que a criar riqueza pessoal lá fora. Aliás, riqueza nunca foi o meu objectivo (basta escolher ser cientista para se perceber que rico não serei facilmente :P), mas o meu objectivo sempre foi, e será, poder sustentar uma família e ganhar cada vez mais conhecimento.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Da Alma XXVI - A Pepa, a crise e a hipocrisia das pessoas


Nestes últimos dias vim a saber de uma história que me deixou chocado - o caso da Pepa e da sua mala. Só soube do caso quando apareceu no telejornal (ando distraído quanto a coisas irrelevantes) e fiquei chocado com o ruído criado à volta do que a moça disse. Vi o video dela e não encontrei nada de mal. Sim, ela falou de uma tal mala que é bastante cara mas a ideia não era pedir desejos? Mal a Samsung colocou o video, onde eles pedem 12/13 desejos e a Pepa lá os vai dizendo - note-se que ela teve de dizer 12 desejos e a Samsung escolheu especificamente aqueles - o desejo da mala, a meu ver, parece-me legitimo. 
Mas vieram logo os indignados, aqueles que pouco têm que fazer além de criticar e falar mal da moça, que pelos vistos até faz um bom trabalho no mundo da moda, dizendo que ela é isto e aquilo e que não deveria ter dito aquilo porque - wait for it - "o país vive em crise".
É verdade, o país vive em crise. Agora expliquem-me qual é a relação entre uma mala e a crise do país? Ahhh, existem pessoas que vivem em dificuldades. Pois há, muitos até, mas ainda não vejo a relação disso com um desejo especifico dela. Seria melhor que ela fosse como os outros hipócritas  que nem paz em sua casa conseguem manter (basta ver a guerra que fazem com esta moça) e pedir "paz no mundo" como desejo?, Ou ser como os hipócritas que nem uma esmola dão a um pobre, ou nem ajudam quem necessita e pedir "que os famintos tenham comida e que haja condições para todos" ?
Ela usou UM, dos doze desejos, num sentido mais materialista (até ela própria o diz) como todos, no fundo, também o fazemos. Ela pediu uma mala outros pedem um carro xpto, ou um telemóvel de ultima geração ou até uma casa com vista para a lua, etc....

O que me choca, além da ignorância desta multidão que nada mais tem para fazer, é o facto de ter sido noticia num telejornal e o facto de a jornalista ter sido bastante parcial na sua entrevista. A gota d'água, a meu ver, foi quando a jornalista pede para ela, agora em directo, fazer um desejo mais "a sério e de acordo com o estado do país", ou seja, um desejo para ficar bonito na televisão. Acho isso gozar com a cara do povo, que tem o nome de populismo - dizer o que o povo quer ouvir.

Acho engraçada esta hipocrisia das pessoas. Adoram atirar pedras e nem olham para onde elas caiem. Como se pode ver na foto acima, quando se aponta um dedo temos três apontados para nós e esse facto deveria começar a acordar algumas mentes "mais iluminadas" que ainda passam bastante tempo a apontar dedos.

Se querem fazer alguma coisa pela crise não é com Likes nos facebooks, ou com arremessos de pedras contra moças como a Pepa (entre outros) mas é saindo à rua, não para fazer barulho e destruir propriedade alheia (e publica) mas para ajudar quem precisa - dar de comer a quem precisa, dar esmola, fazer voluntariado, doar o que não precisa, ensinar a fazer orçamentos familiares e a gerir o dinheiro, ensinar a procurar emprego, ensinar algo de novo como agricultura, costura, entre outros ofícios  etc...  Tantas formas de ajudar quem precisa. A vida não está fácil para ninguém e uns sofrem mais do que outros e, aqueles que podem, devem dar o seu melhor para ajudar aqueles que não podem. E nem todas as ajudas são dispendiosas, ou têm de custar dinheiro; há muitas formas de ajudar sem sequer tirar dinheiro da carteira. 

Devemos deixar de lado esses sentimentos de rancor, ódio e essa vontade de atirar pedras e apontar dedos mas devemos disciplinar nosso coração para apenas ter caridade e Amor. Apenas assim seremos capazes de olhar o mundo lá fora e, em vez de apontar dedos e falar mal de políticos, moças da moda e afins, iremos gastar o nosso precioso tempo a ajudar quem realmente precisa. As verdadeiras Revoluções começam nos corações das pessoas. 
   
  

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Da Religião XXIII - A Queda de Adão e Eva


A Queda de Adão; além da expiação de Jesus Cristo, este foi dos eventos mais importantes para toda a humanidade. Apesar de muitos verem este acontecimento como algo de mau - como um grande pecado - ele é, no entanto, a razão porque temos a oportunidade de crescer e evoluir. 
Podemos ler em Génesis o processo da criação. Génesis 1 e 2 fala da criação de todas as coisas, do jardim do Éden e da criação da humanidade. Apesar de todo o processo da criação, ou melhor, a ciência por detrás da criação ainda ser um mistério, é motivo para que existam muitas duvidas e conflitos entre muitos, principalmente entre ciência e religião. O que posso dizer, depois de algum estudo sobre a criação, é que muito pouco é dito sobre a sua "ciência". Como existe pouca informação sobre o tema, existe muito espaço para especulação; é esta especulação que cria os conflitos, não a religião em si. O que sei é que a ciência da criação é um tema secundário ao Evangelho - algo secundário à mensagem passada.  Por isso, o tema do texto é a Queda - a grande mensagem de todo este processo. 

Enquanto Adão vivia com Eva no Éden eles viviam num estado perfeito, ou melhor, num estado em que não envelheciam, não tinham doenças, não conheciam a morte. Nem eles nem a Natureza em si conheciam a morte.. Tudo isto porque Deus andava entre eles. O Pai colocou no centro do jardim duas árvores de fruto - A Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Quanto à primeira nada diz mas proíbe Adão de comer da árvore do conhecimento dizendo "(...)dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Génesis 2:17).  Esta morte de que Deus fala é relativa ao estado de Adão e Eva - eles não conheciam a morte e viriam a conhecê-la, eles tinham o Pai no meu deles e iam deixar de ter.

Quando Eva foi tentada a comer do fruto da árvore e posteriormente Adão, eles ficaram a conhecer o Bem e o Mal. Até então eles não conheciam o mal pois viviam com o Pai. O facto de uma pessoa não conhecer o mal ela nunca poderá conhecer o bem. Em 2Néfi 2:16 é dito:

"O Senhor Deus concedeu, portanto, que o homem agisse por si mesmo; e o homem não poderia agir por si mesmo a menos que fosse atraído por um ou por outro."

A liberdade de escolha é um dos nossos maiores presentes mas só é realmente possivel escolher quando somos apresentados com, pelo menos, dois caminhos. Esse foi o papel do mandamento de "não comer da árvore" e da tentação de Eva. Até aquele momento eles não conheciam o mal por isso não conheciam o bem. Como diz em 2Néfi 2:11 :


"Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas. Se assim não fosse, meu primogênito no deserto, não haveria rectidão nem iniquidade nem santidade nem miséria nem bem nem mal. Portanto é preciso que todas as coisas sejam compostas em uma; pois se fossem um só corpo, deveriam permanecer como mortas, não tendo vida nem morte, nem corrupção nem incorrupção, nem felicidade nem miséria, nem sensibilidade nem insensibilidade."

É preciso conhecer a tristeza para realmente dar valor à felicidade, é preciso conhecer o mal para dar valor ao bem, é preciso conhecer a maldade e insensibilidade para dar valor ao Amor. Os orientais chamam a isto o Yin-Yang, outros chamarão de outra coisa, mas a essência é o facto de ser necessária uma oposição para nos darmos valor ao que é bom e à felicidade.

Como Adão e Eva já não estavam em condições para viver na presença do Pai - pois tinham pecado , sendo desobedientes - Ele os expulsa do Jardim dizendo, em Génesis 3:22-24 :

"Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.
O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.
E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida."

Quando conhecemos o Bem e o Mal nós nos tornamos como o Pai - capazes de escolher conscientemente entre dois caminhos e, consequentemente, crescer e evoluir com essas escolhas e experiências. Eu vejo a expulsão do Jardim como um jovem adulto que sai da casa dos pais e vai criar a sua própria família. A partir daquele momento ele é quem toma as grandes decisões, ele é que terá de trabalhar para manter a família unida, os pais estarão sempre lá para ajudar quando é preciso mas a responsabilidade de pensar e escolher é do filho que saiu de casa. Só experimentando, escolhendo, observando, é que somos capazes de crescer. O Pai deseja que nós voltemos a Ele mas esse caminho é feito de experiências, intersecções, dificuldades e distracções onde seremos colocados à prova - principalmente na nossa capacidade de Amar e de Escolher o que é certo.

Quando voltarmos ao Pai teremos, então, a oportunidade de comer do Fruto da outra árvore, a Árvore da Vida, da Vida Eterna.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Da Alma XXV - Devemos Planear e Agir


Antes de começar a dissertar sobre o tema em si vou começar por contar uma história. Esta história encontra-se em Doutrina e Convénios, um livro de escrituras sagradas, nas secções 8 e 9. É a história de Oliver Cowdery, um amigo do Profeta Joseph Smith. Oliver gostaria de ajudar o Profeta a traduzir as Placas, placas que deram origem ao Livro de Mórmon. Como era um trabalho complicado para um só homem, Oliver e o profeta decidiram Orar e perguntar ao Senhor se Oliver poderia, ou não, ajudar na tradução das placas. A resposta do Senhor foi a seguinte (D&C 8:1-3):

OLIVER Cowdery, em verdade em verdade eu te digo que, tão certamente quanto vive o Senhor, que é teu Deus e teu Redentor, tão certamente receberás conhecimento de todas as coisas que pedires com fé, com um coração honesto, crendo que receberás conhecimento concernente a gravações de velhos registros que são antigos, os quais contêm aquelas partes de minhas escrituras das quais se falou pela manifestação de meu Espírito.
Sim, eis que eu te falarei em tua mente e em teu coração, pelo Espírito Santo que virá sobre ti e que habitará em teu coração.
Ora, eis que este é o espírito de revelação; eis que este é o espírito pelo qual Moisés conduziu os filhos de Israel através do Mar Vermelho, em terra seca.

Então, como eles oraram com Fé, o Senhor respondeu e concedeu esse dom para a tradução. No entanto, Oliver não foi capaz de traduzir as placas, o que deixou o profeta e Oliver bastante preocupados pois eles pediram, eles oraram, e o Senhor respondeu e disse que Oliver teria o conhecimento para traduzir as placas. Como Oliver não conseguia traduzir eles oraram de novo e o Senhor, de novo, lhes respondeu mas agora de uma forma diferente (D&C 9:6-9):

Não murmures, meu filho, porque foi segundo minha sabedoria que agi contigo dessa maneira.
Eis que não compreendeste; supuseste que eu o concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me.
Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto sentirás que está certo.
Mas se não estiver certo, não terás tais sentimentos; terás, porém, um estupor de pensamento que te fará esquecer o que estiver errado; portanto não podes escrever aquilo que é sagrado a não ser que te seja concedido por mim.


Ou seja, a resposta do Senhor foi bastante clara - a única coisa que eles fizeram foi pedir. Isto leva-me ao tema deste texto. 
Usei o exemplo de uma escritura relacionada com Oliver Cowdery mas é possível ler estas duas secções colocando o nosso nome e o nosso problema a resolver e vamos ver que esta escritura foi escrita directamente para nós.
Quantas vezes temos um problema, algo a resolver, uma escolha a fazer mas a única coisa que fazemos é pedir? Mesmo que esse pedido seja feito com muita Fé, é preciso mais do que apenas simplesmente pedir. É preciso agir, planear, dar o primeiro passo. Quando temos uma escolha a fazer devemos ponderar todas as coisas, devemos estudar cada caso e, esse estudo, pode e deve ser realizado em espírito de oração. 
Um exemplo simples é o estudo de matemática. Todos nos lembramos daqueles exercicios chatos de resolução de equações. Matemática é algo que só se aprende com prática. Se não sabemos resolver algo devemos primeiro tentar resolver, estudar o problema, resolver coisas mais simples antes de praticar com o que é mais complexo. Esta é a forma certa de agir mas muitos olham uma equação e dizem para si próprios "eu não sei isto" e perguntam ao professor (ou colega) sobre a solução. Desta forma não se aprende, desta forma nunca se saberá resolver uma equação ou equações mais complicadas. É assim com a vida, devemos tentar, devemos ponderar e estudar antes de pedir pela orientação. Pedir é muito fácil mas agir exige mais de nós e é a acção que nos faz crescer e nos torna melhores. 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Da Religião XXII - A Vida dos Santos


Primeira mensagem do Ano 2013. Hoje acordei com o pensamento de que deveria escrever sobre a vida de um Santo mas, antes de começar, irei definir Santo. Um Santo é uma pessoa que vive o Evangelho e que é Membro fiel da Igreja de Jesus Cristo; ou seja, um Santo é todo aquele que segue o exemplo de Jesus Cristo - em tudo. 

Eu tenho reparado que uma das coisas que impede as pessoas de seguir o Evangelho e serem baptizadas é o facto de pensarem que, ao serem baptizadas e se tornarem membros da Igreja, elas ficarão privadas de fazer as coisas que gostam. É errado pensar que ser um Santo é deixar de ser divertido, brincalhão, social; pensam que irão deixar de sair com os amigos ou de fazer as coisas que sempre gostaram de fazer. 
Eu sou membro Fiel da Igreja e, por definição, sou um Santo. No entanto eu não deixei de fazer as coisas que gosto de fazer. Eu sempre ouvi Metal e não deixei de ouvir. Vou a concertos quando tenho possibilidade e saio com os meus amigos também quando posso (este "quando posso" tem mais a ver com a minha vontade de socializar do que com algum aspecto religioso). Vou ao cinema, vejo filmes, ouço musica (bastante até), leio dos mais variados livros e temas, estudo ciências exactas, jogo no computador, brinco com todos que conheço, trabalho, estudo e leio as escrituras, etc... A minha vida não é limitada pelo Evangelho, aliás, ela torna-se melhor pelo facto de eu viver o Evangelho.

Mas, claro, existem os mandamentos. Aquelas directrizes que as pessoas pensam sempre quando se fala em Igreja. As Leis, ou mandamentos, existem para nos tornarem Livres, para nos protegerem. As leis que as pessoas mais dificuldade têm em aceitar são aquelas que exigem sacrifício pessoal e que as obrigam (de certa forma) a deixarem de ser do mundo. Uma lei assim é a chamada Palavra de Sabedoria (um dia irei criar um texto apenas sobre ela). Esta Lei diz que não devemos fumar, beber álcool, café, consumir drogas ou qualquer substância que altere o nosso estado mental (seja de que forma for). Também diz que devemos cuidar do nosso corpo - o que implica alimentação saudável, exercício físico, horas de sono apropriadas (nem demais nem de menos). Se olharmos bem, esta Lei não limita os nossos movimentos, ela simplesmente nos protege - nos torna mais fortes e saudáveis. 
Outra Lei que mete medo e eu já falei dela é a Lei da Castidade. Esta Lei não diz apenas que devemos ter relações após o casamento. Diz também que devemos ser Fieis ao nosso cônjuge, que o devemos Amar e demonstrar sempre esse Amor. Que, independentemente do problema que surja, iremos dar o nosso melhor para alimentar esse Amor e tornar o Casamento (ou o namoro) mais forte e capaz de suportar todas as tempestades. Diz que devemos colocar o nosso orgulho de lado e apenas ter Amor no nosso coração. Ou seja, esta Lei não limita mas protege e nos torna livres e mais fortes - as nossas relações são mais fortalecidas pois colocamos o bem estar do outro à frente do nosso próprio - dois tornam-se um.

Quem ouve falar de Igreja também costuma pensar que apenas se fala de religião. Claro que a religião é a base que sustenta a nossa vida mas se assistirem às nossas reuniões de Domingo, ou a serões ou noites familiares, ou qualquer outra actividade, irão observar que, apesar de existir sempre uma parte espiritual, existe também diversão, alegria, brincadeiras, jogos em conjunto, etc... Apenas as reuniões de Domingo é que são mais sérias, ou melhor, são dedicadas apenas à partilha do Evangelho, Testemunho e renovação de Convénios (Sacramento). No entanto, mesmo nessas reuniões é possível ouvir discursos, ou ter uma aula, onde o Evangelho é ensinado de forma divertida.  

Acho que aqueles que são "demasiado" sérios perdem uma grande fatia da vivência do Evangelho que é o Amor e a partilha da nossa alegria. O Evangelho É felicidade e isso implica um sorriso na cara!!

Um Bom Ano :)