terça-feira, 28 de agosto de 2012

Do Tempo VI - Da falta de Tempo e da preguiça


No inicio do blog, já à uns 3-4 meses atrás, eu desejava escrever, pelo menos, um texto a cada dois dias. Na altura pareceu-me completamente plausível, tanto que cheguei a ter textos quase todos os dias. Infelizmente, nestas últimas semanas, tem sido particularmente difícil escrever. A razão principal para isso é que estou a escrever a minha Tese, ou a tentar pelo menos, e isso tem ocupado muito do meu tempo - não de escrita mas para pensar. A minha cabeça tem estado cheia de coisas relativas ao trabalho da tese e tenho encontrado pouco espaço para escrever textos inspirados. Como não gosto da ideia de escrever apenas por escrever, decidi não escrever nada enquanto não tiver uma ideia trabalhada. Devido a isto o numero de novas entradas no blog tem sido reduzido. 

No entanto esta falta de tempo deu.me uma ideia, ou melhor, um tema para pensarmos todos. Quanta vezes nós não usamos a "falta de tempo" como desculpa para não fazer coisas que valham mesmo a pena fazer?
Estive a olhar para trás e reparei que, devido à elevada carga que a tese tem tido em meu pensamento, o meu tempo livre eu tenho usado mais para a ociosidade do que para algo mais edificante. Claro que devemos descansar e nos distrair mas quando um descansa se torna ociosidade e preguiça então algo vai mal nas nossas prioridades. 
Durante estas férias - dos outros - eu tenho reparado que as pessoas usam até as férias para parecerem ocupadas. Um exemplo disso é quando se tenta marcar algo para uma certa hora da manhã ou do fim da tarde e a desculpa é "não posso porque estou de férias". Parece que quanto mais tempo livre se tem menos tempo sobra para fazer o que realmente é importante - para nós e para os outros. 
Parece que somos atacados por uma espécie de preguiça e ociosidade que nunca nos ataca durante os dias de trabalho. Como costumo ter muitas reuniões/lições com algumas pessoas, costumo observar este efeito muitas vezes. Parece que é mais fácil encontrar com as pessoas durante a época de trabalho - mesmo com o cansaço do dia inteiro, mesmo com a escola e com a lida da casa - do que marcar um dia/hora em tempo de férias - hora porque querem dormir, ou porque vão ali ou a lado nenhum etc... O número de desculpas parece que aumenta exponencialmente e as pessoas - com tempo livre - deixam de ter tempo para nada.

Também já passei por isso e tento lutar contra esse efeito da preguiça e ociosidade mas deixa-me triste quando vejo pessoas antes das férias dizem que vão ler isto, vão fazer aquilo, vão assistir a reuniões e tal, mas depois deixam-se dormir, desperdiçam tempo a preguiçar, e depois estão mais cansadas do que em tempo de trabalho. 
Existe uma coisa que eu prezo bastante que é - cumprir compromissos . Quando digo que vou fazer algo eu faço e se tiver uma data limite eu evito ser eu a causa do atraso. Deixa-me triste quando os outros não tentam sequer seguir estes princípios tão básicos de respeito pelos outros e, principalmente, por si mesmos. Pessoas que, por preguiças e falta de vontade, hipotecam a sua saúde e a dos outros. Pessoas que preferem ficar cegas do que conhecer mais um pouco cada dia, apenas devido ao comodismo do corpo e da da alma. Pessoas - eu incluído até recentemente - que preferem ser ociosos do que usar do tempo livre para desenvolver os seus talentos para os partilhar com os outros. 

Somos sempre cheios de desculpas e racionalizações quando a verdadeira culpada para não se fazer nada é a preguiça. Talvez seja a razão mais difícil de admitir aos outros e a nós próprios. Se admitimos que somos preguiçosos então, até para nós próprios, estamos a passar um atestado de fracos mas, em vez de lutar contra isso, nós preferimos arranjar desculpas elaboradas para justificar nossas faltas.

domingo, 19 de agosto de 2012

Da Religião XV - A Caridade


O que é a caridade?
A resposta é simples - É Amor.

É um conceito que, hoje em dia, está mais ligado a doações de dinheiro do que a outro tipo de acção. A caridade é muito mais. Apesar de o sinónimo de caridade ser o Amor, eu acho que a Caridade é a demonstração do Amor. 

No Livro de Mórmon - Morôni 7:45-47 - tem uma explicação muito boa sobre o que é a Caridade:

E a caridade é sofredora e é benigna e não é invejosa e não se ensoberbece; não busca seus interesses, não se irrita facilmente, não suspeita mal e não se regozija com a iniquidade, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
De modo que, meus amados irmãos, se não tendes caridade, nada sois, porque a caridade nunca falha. Portanto, apegai-vos à caridade, que é, de todas, a maior, porque todas as coisas hão de falhar—
Mas a caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possuírem, no último dia tudo estará bem.

Existe Amor maior do que aquele explicado acima? Digo-vos que não. Devemos exercer de uma preocupação genuína e de uma solidariedade pura para com os nossos irmãos. Não é preciso ser milionário para ajudar, não é preciso nada de especial, basta ter um coração puro e amoroso e toda a ajuda que dermos será uma grande bênção para quem a recebe. Posso dar um exemplo simples: muitos dos 'planos' de quem deseja ganhar lotarias é dar parte para a caridade - digo-vos que esses planos podem ser realizados hoje, dando parte do que temos para obras de caridade. Seja roupa usada, seja brinquedos e comida, seja dinheiro que 'sobra' - ouvi de pessoas que deixaram de fumar e o dinheiro que gastavam com o tabaco era agora doado para caridade. Existem muitas formas de demonstrar o Amor por todos que nos rodeiam. 
Uma forma de Caridade é o Perdão. Devemos perdoar todas as ofensas que nos fazem - Todas. Isto não significa que as pessoas não devam pagar a ofensa de acordo com a justiça e lei, mas se nós desejamos perdão então devemos perdoar primeiro, e quão grande demonstração de Amor é o perdão. 

Por isso desejo que pensem nestas coisas meu amigos e façam esta pergunta, todos os dias - Será que fiz algo de bom hoje a alguém, seja ele necessitado, amigo ou desconhecido?  Será que demonstrei o meu Amor junto daqueles que Amo?

Devemos desenvolver o Amor em nosso coração, devemos ser caridosos e amorosos durante toda a nossa vida. Devemos fazer estas coisas sem esperar nada em troca. Devemos sempre fazer a nossa parte sempre cheios de Amor.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Do Tempo V - O Regresso a Casa


Depois de o Tempus ter voado para a Alemanha, cá estou eu de volta a casa, pronto a trabalhar com mais energia e força. 
Foi uma semana muito boa. Tive a oportunidade de conhecer, de perto, a história de Berlin; desde os tempos da SS até à queda do muro. Confesso que Berlin não é uma cidade que me agrade. Eu nunca viveria lá. Apesar de ela ter tudo que uma pessoa precise, desde um sistema de transportes excelente, educação muito boa, etc.. tudo que se precisa para viver, eu não escolheria essa cidade para viver. Talvez seja por causa das pessoas - elas não são tão fechadas como à alguns anos mas mesmo assim existe algo nelas que não me agrada. Além disso é uma cidade demasiado grande para mim. Gosto de cidades mais pequenas, não propriamente na área que ocupa mas mais pequenas no numero de pessoas a viver. Berlin tem mais de 3 milhões de habitantes mais uns bons milhares de turistas todos os dias pelas ruas.. o que faz desta cidade um local demasiado movimentado para mim.


Bem, tive a oportunidade de ir ao parlamento Alemão, onde tirei esta foto, subir 200 metros em altura na torre da televisão e colocar as minhas vertigens à prova. Visitar a catedral - ver mais um orgão que não me importava de tocar - e subir à cúpula e dar mais uma volta 360º acima de Berlim. Visitei museus, muros, aquários. Só no primeiro dia fiz perto de 15km a pé apenas a passear pela cidade. Esta caminhada toda resultou numa lesão no pé que me fez aproveitar o resto das férias apoiado numa canadiana. A viagem foi muito bem aproveitada e acredito que vi tudo que me interessava visitar, incluindo o Busto de Nerfititi, que se encontra exposto numa grande colecção Egípcia num dos museus da cidade. 


Enfim, foi uma boa semana passada com meu pai e minha irmã. Não descansei do trabalho pois levei-o comigo - seja para trabalhar no avião ou nos tempos de hotel - mas tive a oportunidade de fugir um pouco daqui. Agora é voltar ao trabalho com um pouco de mais força e diligência e acabar esta tese. Acredito que só quando a acabar é que vou poder descansar mesmo, antes de começar seja o que for que vier a seguir.

Como nota aparte, durante esta semana o blog passou as 2000 visitas. Para uma coisa que eu achava que não ia ser movimentada acho que o numero não é mau para uma coisa com pouco mais de 3 meses de vida. Um Abraço a todos que por aqui passam. Lembrem-se que eu gostava que o blog fosse um pouco mais interactivo por isso se houver alguma coisa que acham que eu podia escrever (tema/assunto) ou explicar melhor, sintam-se livres para o pedir.




sábado, 4 de agosto de 2012

Do Tempo IV do Amor VI - Do Vazio.


Acho que falei isto em outro texto mas nestes últimos dias tenho sido assombrado por uma tristeza que não sei explicar. A minha ideia é continuar a sorrir e fazer o meu papel para com o mundo que é olhar e cuidar dos outros, pois acho que é assim que deve ser, esquecer de mim próprio e voltar-me para os outros. 
Quando falo que me devo esquecer de mim próprio falo no sentido egoísta, onde só penso nos meus problemas e o mundo não interessa. Os meus problemas são pequenos comparados com os de muitos. Há pessoas em piores situações, disso tenho a certeza, e por isso eu evito olhar para mim mesmo. No entanto estes últimos dias aquilo que era pequeno se tornou grande. Um vazio que era um simples desejo se tornou uma tristeza que me abala o coração. Sei de onde ela vem, sei o porquê de ela existir, só não sei é como a calar

Vejo-me mais activo em discussões morais e polémicas (no sentido de serem sensíveis e de opiniões múltiplas) e essas conversas, esses comentários que leio, essas opiniões, essas criticas e julgamentos que vejo e ouço, aumentam a minha tristeza. As pessoas deixam-me triste, cada vez mais. Há muito tempo que não sinto uma grande alegria que me encha o coração, há muito tempo que não vejo a felicidade nos olhos de alguém. A procuro em todo lado e não a encontro. Talvez seja eu próprio o cego - sempre disse que eu precisava das coisas mesmo à frente dos meus olhos para eu as ver - ela até pode ter passado por mim e eu não dei por ela passar. Ando à procura de algo e o mundo me distrai com as suas tristezas, com as suas pressões, com as suas discussões sem fundamento, com o seu egoísmo. 

Apenas minha Fé, minha vontade de ser um pouquinho melhor cada dia, o meu esforço para tentar ver a ténue luz ao fundo, me mantiveram à tona de água nestes dias. Sinto-me abençoado por isso pois sei que em outras alturas eu estaria numa depressão ou com esgotamento. Por isso digo que o que eu tenho é tão pequeno quando comparado com os outros mas ainda desejo encher este vazio com uma alegria imensa que só Amor e Felicidade me podem dar. 

Hoje me cansei de tentar ser uma luz no mundo das opiniões, comentários e julgamentos. Decidi que apenas por aqui, através do blog, irei fazer ouvir minha 'voz' pois aqui o mundo é, de certa forma, meu. Aquele que deseja ver deixem-no ver, quem não deseja ver não verá.


Será este o meu último texto antes de uma paragem de uma semana, para longe dos computadores e blogs. Depois destas mini-férias talvez venha mais "entusiasmado".

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Da Alma XV e da Religião XIV - A Busca de Conhecimento


Bem, já há alguns dias que não escrevia nada. No inicio disse, para mim mesmo, que iria tentar publicar um texto por dias mas acho que sonhei alto demais. Não que tenha perdido o gosto pela escrita ou tenha ficado sem ideias, apenas fiquei foi sem tempo para parar e pensar em algo para escrever. Hoje decidi escrever sobre uma coisa que sempre me fascinou. Já falei um pouco sobre Conhecimento e Sabedoria (ver etiquetas para irem para os textos sobre isso), mas nunca escrevi sobre a busca de conhecimento. 

Queria escrever não sobre o conhecimento das ciências mas sobre o conhecimento das culturas e religiões do mundo. Existem muitas religiões, muitas crenças, muitas formas de demonstrar fé. Sempre tive curiosidade em aprender sobre elas. Já aprendi sobre algumas, sempre muito superficial, mas decidi começar a aprofundar mais. 
Como sabem, eu sou membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e como tal eu já tenho um testemunho sobre a veracidade do Evangelho, de Deus, do Filho, e das coisas de Deus. Apesar de saber estas coisas isso não me impede de aprender mais sobre o que as outras pessoas acreditam e seguem. Eu sei que, a nível de doutrina, eu já tenho um testemunho mas a nível de cultura, de como viver a fé, como aplicar o conhecimento com sabedoria, eu ainda tenho muito que aprender. 
Existem muitas coisas que podemos aprender com as outras religiões e culturas. O facto de, como Santos dos Últimos dias (e falando para vocês agora), apesar de terem um testemunho da Verdade do Pai, isso não implica que saibam tudo e muito menos implica que o Mundo é um local feio onde não se pode aprender mais nada. 

Um exemplo que aconteceu comigo, foi através do estudo sobre o Islão, sobre a sua reverência nas orações e jejuns, que eu vi como posso ser mais reverente. mais obediente e melhor em minhas orações e jejuns. A forma como eles se entregam a uma oração e a um jejum podem ensinar muito, mesmo àquele que tenha um Testemunho. Também aprendi com os budistas o que é a verdadeira humildade. 
Aos olhos do Pai nós somos todos iguais, nenhum é acima do outro. Ele nos Ama a todos por igual e deseja a nossa felicidade. Digo-vos meus irmãos, sejam da igreja ou não, eu sempre que vejo algo de bom em outra religião, mesmo que tenha tido origens diferentes, seja Maomé ou Buda, eu sei que vieram do Pai pois, tudo que é de bom vem de Deus. No livro de Mórmon, Alma 29:8, diz:

"Porque eis que o Senhor concede a todas as nações que ensinem a sua palavra em sua própria nação e língua, sim, em sabedoria, tudo o que ele acha que devem receber; vemos, portanto, que o Senhor aconselha com sabedoria, segundo o que é justo e verdadeiro."

Acredito que grandes homens receberam uma porção da "Luz da Deus", homens como Maomé, Buda, Lao Tzu, Confucius, João Calvino, entre muitos outros, receberam deste porção para que a luz do Pai continuasse a brilhar mesmo durante as trevas da ignorância, principalmente nos tempos antigos, onde a informação não era global como hoje. 

Essas pessoas ensinaram coisas muito boas e, apesar das diferenças da doutrina, existe muito que ainda podemos aprender com eles. Não nos devemos fechar ao mundo e achar que sabemos tudo. A vida é uma busca constante de conhecimento e, apesar da restauração da plenitude do Evangelho, que nos ensina tudo que precisamos saber para chegar ao Pai, somos também alertados que a maior parte do conhecimento não está nas escrituras em si mas na Inspiração do Santo Espírito quando as lemos, na aplicação do Evangelho no dia a dia, em cada ordenança e símbolo, em cada flor e em cada pássaro, em todas as criações do Pai. 

Aprender sobre os outros também nos ajuda a conhece-los melhor e a saber como os respeitar melhor, seja suas crenças seja como irmãos. 

Meus irmãos, temos a plenitude da Palavra do Pai e da sua Autoridade, restauradas mas o Conhecimento e a Sabedoria vêm com a leitura, com o estudo diário das escrituras, com o estudo das coisas que podemos aprender com os nossos irmãos, e vem principalmente com a aplicação diária da nossa Fé, do nosso Amor e de todas as coisas que aprendemos.